A alimentação é um dos fatores que mais interfere diretamente com a prevenção e o aparecimento do cancro. Eis o que precisa de saber.

Os números não enganam: Dois em cada três cancros são provocados por causas evitáveis. E sim, a alimentação e o sedentarismo são dois dos exemplos mais flagrantes.

Ter um estilo de vida inativo e desequilibrado é meio caminho andado para que uma mutação celular dê origem a um cancro. Existem muitos fatores de risco para a doença, sendo a alimentação e o sedentarismo dois dos mais penosos.

Nos últimos anos têm sido publicados vários estudos e revisões científicas sobre o real impacto da alimentação na prevenção e desenvolvimento do cancro. Alguns parecem ser contraditórios, mas outros apresentam dados e conclusões bastante assertivas e assustadoras.

Antes de conhecermos os alimentos de risco e aqueles que melhor previnem a doença (ou facilitam o tratamento) é importante salientar que os cancros não são todos iguais e que o impacto de um alimento difere de pessoa para pessoa e de idade para idade, sendo, por isso, fundamental procurar o apoio de um especialista na área da nutrição oncológica para perceber quais são os alimentos mais e menos indicados. Além disso, e no que toca à prevenção, a alimentação por si só não faz milagres. A prática de exercício físico é fundamental, assim como a perda de alguns maus hábitos, onde se inclui o tabaco, o consumo excessivo de álcool, o excesso de peso e o sedentarismo.

Alimentos de risco

Numa altura em que os riscos associados ao consumo de carne são cada vez mais notórios, muitas pessoas olham para o peixe como a melhor alternativa. Esta proteína animal traz múltiplos benefícios para a saúde (é uma ótima fonte de vitaminas do complexo B, vitamina D, ferro, fósforo e zinco), mas comporta ainda um risco: a contaminação.

Os peixes gordos são conhecidos pelos benefícios que trazem, mas a presença de ómega 6 não é bem-vinda. “O ómega 6 potencia o armazenamento de gordura no tecido adiposo — pode ser associado à obesidade —, provoca rigidez nas células e origina uma resposta inflamatória às agressões exteriores. Em contraponto, o ómega 3 atua no sistema nervoso, torna as células mais flexíveis e acalma a inflamação”.

Continuando no leque de proteínas de origem animal, o consumo de carnes processadas e de carne vermelha deve ser moderada. Embora a forma como a carne é processada e os ingredientes usados varie de país para país, assim como a própria produção animal, é importante ter em conta que estes alimentos são ricos em gorduras saturadas e, por isso, prejudiciais para a saúde. Olhar com atenção para o rótulo e procurar os nomes a evitar nas carnes processadas e optar por carnes de produção biológica – para não se correr o risco de ingerir aditivos e antibióticos – são duas opções a ter em conta numa alimentação saudável e equilibrada.

Pelo mesmo motivo (risco de químicos, aditivos, conservantes, adoçantes e corantes), também todos os alimentos processados (bolachas, bolos, biscoitos, batatas fritas, etc.) são de evitar.

Também o açúcar refinado é um inimigo da saúde e um dos alimentos que pode estimular o cancro. O açúcar refinado – sob a sua forma natural, química ou por meio de aditivos – está presente numa grande quantidade de alimentos, sendo, por isso, um fator de risco.

Os alimentos geneticamente modificados são também de evitar. Já o consumo de leite e ovos parece não ter um consenso científico.

O arsénio na água que bebemos, os nitritos e nitratos na água e em certos produtos de charcutaria industrial” são de evitar, diz David Kahyat, assim como o sangue contido na carne e as matérias gordas ricas em ácidos gordos polinsaturados.

Independentemente do tipo de alimento, se carne, peixe, tubérculo, cereal ou vegetal, o tipo de confeção é também um fator de risco. Reutilizar óleos aquecidos é um procedimento cancerígeno, como indica a OMS.

Evitar aquecer alimentos com gordura em recipientes de plástico é também importante, uma vez que a junção de plástico, calor e gordura faz aumentar a produção de dioxinas, que passam diretamente para os alimentos e para o nosso organismo depois de comermos aquilo que foi aquecido.

Alimentos a privilegiar

Como indicámos anteriormente, o peixe é um dos melhores aliados da saúde em geral, contudo, é preciso saber escolher e, acima de tudo, conhecer a origem do animal. Enquanto algumas espécies são de evitar devido ao risco de contaminação, outras devem ser privilegiadas e incluídas na alimentação, como é o caso da cavala, da anchova, da sardinha, da dourada, do salmão fresco, do robalo e da solha. Os camarões são também bem-vindos.

O Código Europeu Contra o Cancro recomenda um maior consumo de frutas, verduras e hortaliças, sendo cinco as doses indicadas por dia. Aquelas que possuem um maior efeito antitumoral são as couves (brócolos, couves-de-bruxelas, couve-coração, couve lombarda, couve frisada, couve de nabos e couve-flor), o repolho, os espinafres e todas as verduras de folha verde, como a acelga, o agrião, etc.

Os tomates, a abóbora, a cenoura e o pimento vermelho são também importantes na prevenção e tratamento da doença devido à presença de betacaroteno. O alho, a cebola, o alho-francês e os cogumelos (shiitake e maitake) são outros alimentos a privilegiar. Estes alimentos são ainda anti-inflamatórios.

No que diz respeito às frutas, deve-se dar uma especial atenção à laranja, cereja, arando, uva, ameixa, melancia e frutos silvestres (morango, framboesa, amora, mirtilos, etc.). O limão, a toranja, a tangerina, o abacaxi e o kiwi, por serem excelentes fontes de vitamina C, são igualmente ‘amigos’.

Os alimentos integrais, como o pão escuro, a massa e o arroz integrais, são também antitumorais pela quantidade de fibra que possuem. As leguminosas (lentilhas, ervilhas, grão-de-bico, vários tipos de feijão) e os ovos são outros alimentos a privilegiar, diz a médica oncológica no seu livro.

Para quem não tem qualquer tipo de intolerância ou reação à lactose, o consumo de iogurtes, queijo fresco, quark e requeijão é também aconselhado.

O sumo de romã, a curcuma, o chá verde, o vinho (quando consumido moderadamente, não mais do que dois copos por dia), o selénio (sob a forma de suplemento) e a quercetina (presente no cacau e na pimenta, por exemplo). Nesta lista, e de acordo com o que já foi aqui escrito, o médico inclui ainda o alho, a cebola e as fibras alimentares.

E como nem todas as gorduras são más, o azeite tem-se assumido como um dos melhores amigos da saúde, seja na prevenção ou no tratamento de doenças.

A linhaça, a pimenta preta, o cardamomo, os frutos secos e as ervas aromáticas (como rosmaninho, orégão, alecrim, manjericão e salsa).

Por ser anti-inflamatório, o gengibre é também um aliado.

Fonte: Notícias ao minuto

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